segunda-feira, 25 de março de 2013

“Símon Bolívar”, de Gabriela Pellegrino Soares, em “Coleção Fundadores da América Latina”, coordenada por Maria Ligia Coelho Prado – “Reformas Bourbônicas”, início das animosidades dos colonos em relação à Metrópole? Bolívar na Espanha da passagem do XVIII para o XIX; ocupação francesa e queda de Fernando VII; episódios de resistência na Espanha e nas colônias

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/03/simon-bolivar-de-gabriela-pellegrino.html antes de ler esta postagem:

Bolívar, como tantos filhos de abastadas famílias criollas, partiu para a Europa, onde completaria os seus estudos. Contava 14 anos quando iniciou sua carreira militar... Em 1799 viajou com destino a Madri, tendo passado por México e Cuba. O jovem carregava a frustração de um relacionamento amoroso mal resolvido... Foi mesmo incentivado à viagem pelos tios tutores. Na Espanha conheceu um novo círculo de pessoas influentes com as quais frequentou a corte de Carlos IV...
Casou-se com Maria Teresa de Toro... As complicações políticas que envolveram Estebán Palacios (seu tio anfitrião) o fizeram retornar à Venezuela, onde, depois de 8 meses, Maria Teresa faleceu vitimada pela febre amarela.
Bolívar preferiu retornar para a Espanha... Em Cádiz reencontrou o pai de Maria Teresa, que também era Venezuelano. De lá seguiu para a França, onde ocorriam agitações revolucionárias... Em Paris conviveu com Alexander Von Humboldt e Aimé Bonpland, que haviam realizado expedição científica pelo rio Orinoco, na Venezuela.
Em Viena, Bolívar encontrou Simón Rodríguez (seu antigo preceptor)... Partiram para a Itália, onde assistiram a coroação de Napoleão Bonaparte (1804)... Essa “nova coroação do imperador” despertou em Bolívar sua aversão à Monarquia e, ao mesmo tempo, contribuiu para efetivar suas convicções republicanas.
Em 1807 retornou para a Venezuela... No ano seguinte as tropas francesas ocuparam a Espanha... Essa situação nos remete ao contexto em que havia sido decretado o Bloqueio Continental de 1806... Mas é certo que a Coroa espanhola também estava fragilizada devido à disputa entre Carlos IV e o filho, Fernando... Este assumiu o trono (como Fernando VII), mas devido à invasão francesa, abdicou em favor de José Bonaparte... Na América, os Cabildos de várias localidades formaram Juntas de Governo, de modo a preencher o “vazio de governo” e solucionar as questões administrativas, além de solucionar problemas políticos locais.
                                                                        * O Cabildo era um Conselho criado pela Espanha para garantir a organização político administrativa em cidades e vilas das terras coloniais. O Conselho regulava o cotidiano dos colonos e fiscalizava, como o afirmado à página 42, as propriedades públicas (terras comunais e ruas...). Cada vez mais os Cabildos passaram a ser constituídos por pessoas da elite porque os cargos públicos se tornaram ocupados por gente que tinha condições de comprá-los da Coroa. As elites das várias regiões usaram a instituição para exercer pressão sobre as autoridades espanholas nos Vice-Reinos ou mesmo em Madri.
Na Espanha houve resistência à invasão estrangeira. Não poucos esperavam a restauração da Coroa espanhola... Em Sevilha foi criada uma “junta central” que concentrava essa intenção, mas ela foi dissolvida em 1810 como resultado dos avanços das tropas francesas em Andaluzia. No lugar da Junta formou-se um governo regencial com a missão de elaborar uma Constituição ao país. Assim, foram eleitos deputados na Espanha e também na América.
Em 1812 foi aprovada a Lei que previa a restauração da Monarquia e, nesse caso, inspirada pelos ideais iluministas, limitava os poderes do rei... Mas no que se referia às colônias na América, a Constituição era conservadora, pois mantinha restrições comerciais e de representação política dos criollos.
Obviamente essa situação desagradou aos representantes que atravessaram o Atlântico para as Cortes (Assembleia Constituinte). Mas é certo que as limitações impostas à Monarquia impulsionaram o desejo de autonomia nas colônias, onde (aos poucos) as diversas Juntas de Governo articularam a intenção de emancipação.
Para muitos, como é o caso de John Lynch, as proposições emancipacionistas em meio às colônias espanholas se alinhavaram em fins do século XVIII, quando ocorreram as “Reformas Bourbônicas”, ao tempo de Carlos III (1759-1788). Os Habsburgos haviam sido substituídos e os reis Bourbons procuraram centralizar o controle sobre as colônias na América... “Sentimentos Americanistas” foram despertados entre os colonos que se mostraram insatisfeitos com as pressões fiscais, administrativas e comerciais... Os episódios marcados pela invasão francesa aqueceram a animosidade, que resultou em luta pela independência.
Há outros, como Tulio Halperin Donghi, que entendem que é claro que as reformas do tempo de Carlos III provocaram ressentimentos, mas o processo emancipacionista se explica mesmo pela invasão de 1808 e o “cativeiro de Fernando VII”... Para esses, os ideais de libertação despontaram aos poucos e foram alavancados após o Bloqueio Continental de 1806.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2013/03/simon-bolivar-de-gabriela-pellegrino_26.html
Leia: Simón Bolívar. Fundação Memorial da América Latina.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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