Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_8632.html
antes de ler esta postagem:
Anne notava que
Samazelle não esboçava nenhum constrangimento... Em contrapartida, sua esposa
manifestava desconforto... Robert prosseguiu falando que havia prometido a
Perron que ele teria total independência no L’Espoir, e foi graças a isso que
ele topou agregar o jornal ao SRL...
Trarieux falou que aquele compromisso não o incluía. Além disso, não via
nenhuma dificuldade para Henri aceitar suas condições, já que ele também era
amigo de Samazelle. Robert disse que isso era o de menos. A questão estava no
fato de Henri desconfiar que havia sido vítima de uma armação e, assim sendo, protestaria... Robert manifestou que
entenderia perfeitamente se isso ocorresse.
Anne
sabia das reservas de Henri em relação a Samazelle... Mas Trarieux insistia e
disse que também sabia “bater o pé”... Robert alertava-o para o fato de a
posição de Samazelle tornar-se muito delicada dada a desaprovação de Perron. O
moço concordou e falou que seria mesmo desconfortável participar de “um novo surto
ao jornal” sem o sincero consentimento de Henri... Trarieux falou que, embora
não visasse lucros, se recusava a investir milhões “em troca de nada”... Se
concluísse que o projeto só resultasse em fracasso não participaria do
empreendimento. Samazelle falou que não adiantava ficarem conversando, e que o
melhor seria Robert falar pessoalmente com Perron. Disse que não acreditava que
empecilhos fossem criados, pois o objetivo de todos era o “êxito do
movimento”... Trarieux concordou e reforçou a ideia a Dubreuilh, que respondeu
no mesmo instante que não tinha nenhuma disposição de tratar sobre aquilo com o
amigo.
Por um tempo ainda falaram sobre o impasse, mas logo o
encontro foi encerrado. À saída, Anne perguntou ao marido o que havia sido
combinado com Trarieux meses antes... Robert confirmou que trataram apenas do
“aspecto político do negócio”.
Anne quis saber se Robert
não havia comprometido demasiadamente Henri e L’Espoir com Trarieux e sua
verba... Dubreuilh confessou que provavelmente tivesse antecipado a situação e
completou que, muitas vezes, se não é dessa maneira, torna-se impossível
realizar algo. Anne advertiu que o melhor seria forçar Trarieux resolver a
situação no encontro que tiveram e, dessa forma, ou cumpria o combinado ou
haveria o desentendimento e (assim) a sua expulsão do SRL... Mas Robert ainda levava em consideração a provável
necessidade de dinheiro por parte de L’Espoir... Antecipando-se aos fatos, lamentava-se
com a possibilidade de Henri perder o jornal.
Anne
não teve coragem de dizer a Robert sobre a conversa que tivera com Henri na “noite
da vitória”, ocasião em que ele manifestou sofrimento por ter submetido o
jornal ao SRL... Perron “gostava do
jornal, da liberdade, não gostava de Samazelle”... Mas não fez rodeios ao
dizer-se inconformada com o fato de Robert ter feito negócio com Trarieux, um
tipo que ela não suportava... Dubreuilh admitiu ter errado e disse que, como
alternativa, poderia tentar obter dinheiro com Mauvanes... Anne duvidou que
conseguisse dinheiro com este ou com qualquer outro endinheirado filiado ao SRL... Ainda assim não podia descartar
Trarieux... Robert pensava, nesse caso, em conversar com Samazelle... Se o moço
fosse coerente recusaria que lhe impusessem a direção do periódico.
Robert pensou em Mauvanes e muitos outros que
não demonstraram interesse pela situação. Anne lamentou o fato e concluiu que o
marido havia comprometido intensamente Henri e L’Espoir... Mas não queria
julgá-lo... Sabia que a pressa dele em perceber resultados de suas ações no
mais breve tempo o fazia um tipo descuidado com os escrúpulos.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/04/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_24.html
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto