O amor e devoção do índio Peri por Ceci, filha do colonizador branco, são reconstrução “poético-épica” da formação da identidade nacional e trama que conduz a história. O enredo encaixou-se perfeitamente na adaptação que o compositor Carlos Gomes fez para a ópera O Guarani, que estrou em Milão no ano de 1870.
Evidentemente há muitos estudos a respeito da obra, sua inserção no Romantismo e sobre a idealização do indígena, personagem primordial de nossa história, dotado de sentimentos puros e caracterizado a partir dos parâmetros culturais europeus. Renata Pallottini fez uma adaptação da obra, que integra a “Série Reencontro” (Editora Scipione)... Vimos que o texto desenvolvido para contemplar A Moreninha, de Joaquim Manuel Macedo é satisfatório e cumpre exemplarmente o objetivo de facilitar a leitura e instigar o estudante a procurar o texto original.
O contato com o presente volume, graças aos deveres escolares de minha filha estudante de ensino fundamental, possibilitou a oportunidade de apresentar neste blog “resenhas” da adaptação.
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Devemos destacar que Pallottini decidiu iniciar a adaptação pela segunda
parte do texto original...
O Brasil era colônia de Portugal, que estava sob a administração
espanhola devido à União Ibérica (1580-1640)... Desde o século XVI, para cá vinham
representantes da coroa, soldados, donatários, colonos e aventureiros em busca
de riquezas naturais... Muitos missionários católicos de várias ordens
religiosas também vinham para catequizar indígenas...
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O ano era 1603... O texto se inicia apresentando um episódio que se
passa numa noite de tempestade em região montanhosa da vizinhança do Rio de
Janeiro. Num rústico abrigo construído para abrigar os que estavam de passagem
pela serra, o frade Ângelo di Luca fazia companhia ao aventureiro português
Fernão Aines e ao Mestre Nunes. O religioso realizava naquelas paragens a sua
pastoral de doutrinação de gentios.
O Mestre Nunes descansava numa rede e perguntou a Fernão Aines se este
estava disposto a seguir viagem mesmo com a volumosa tempestade... O
aventureiro desdenhou e disse que zombava da intempérie... O frei alertou-o
sobre o temor que os maus devem ter em relação ao inferno. Aines era “só
risos”, e disse que não podia ser definido como “mau”, pois vivia conforme as
ordens de Deus e da santa Igreja... Estavam nessa conversa enquanto a
tempestade mais se avolumava e despejava seus raios... Um desses caiu sobre um
cedro próximo ao sítio onde se encontravam... A árvore atingida queimou, uma
parte dela caiu sobre o alpendre e acertou em cheio o peito do aventureiro
Aines.
O Mestre Nunes e o frade correram na direção dele, mas notaram que nada
poderiam fazer porque Aines estava ferido de morte... Em seus estertores, o
agonizante solicitou ao religioso que ouvisse a sua última confissão. Então, depois
que Mestre Nunes se afastou, ele principiou a dizer que havia sido castigado
por ter roubado um mapa de um parente há muito tempo no Rio de Janeiro... O
mapa ensinava chegar às misteriosas minas de prata de Robério Dias na Bahia (de
fato há documentos que registram misteriosa e rica localidade no interior da
Bahia, alvo de expedição, aventuras e lendas durante o século XVIII). Aines
confessou ter matado seu parente e perseguia o sonho de alcançar as minas. Já
sem força para prosseguir em sua confissão, disse ao religioso que desejava que
o mapa chegasse às mãos da viúva de Robério Dias. Deixava essa incumbência ao
frei.
Ângelo di Luca quis saber onde estava o mapa, mas o seu olhar era de
cobiça... Aines conseguiu mostrar uma cruz onde o mapa estava escondido. O
frade quebrou o objeto sagrado e de lá tirou o documento. Querendo dizer algo
mais, Aines sussurrou um “ouve-me, frei...”, mas morreu.
Di Luca raciocinou
rapidamente e, depois de ter anunciado a morte do pobre homem, solicitou ao
Mestre Nunes que comunicasse ao seu superior da ordem carmelita no Rio de
Janeiro que ele deveria permanecer por mais tempo afastado por aqueles matos
para cumprir uma “missão sagrada”. O religioso despiu o morto e envolveu-o numa
mortalha... Nunes ajudou a enterrar o cadáver...
Depois de se separarem, frei Ângelo colocou os
pertences de Fernão Aines em um saco de viagem. O frade se vestiu com as roupas
do aventureiro morto e, com a ajuda de um índio conhecido, enterrou o mapa e
suas roupas de religioso... Mudou sua aparência e assassinou o índio que o
havia ajudado. Adotou o nome Loredano, e assim deu prosseguimento a seus
planos.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/05/o-guarani-de-jose-de-alencar-serie_27.html
Leia: O guarani. Série Reencontro –
Literatura. Editora Scipione.
Um abraço,
Prof.Gilberto