Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/05/o-guarani-de-jose-de-alencar-serie.htmll
antes de ler esta postagem:
D. Antônio de Mariz
era o típico fidalgo fiel à coroa lusitana. Por muitos anos havia prestado “serviço
de armas” ao seu país e é por isso que havia recebido uma vasta área na região
serrana onde se localiza Petrópolis... Não aceitava de bom grado as mudanças
políticas que ocorriam devido à União Ibérica e o consequente domínio espanhol
sobre os negócios portugueses. Como já contava mais de 50 anos, decidiu que era
tempo de se aposentar e garantir o sossego e bem estar de sua família.
Em meio à bela paisagem, privilegiada pelo rio Paquequer (que contribui
para a formação do grande rio Paraíba) e pela floresta, Mariz conseguiu que
construíssem sua “esplêndida casa” fortificada e muito bem defendida. A
construção era marcada por sua posição em elevada altitude, sendo que ao fundo
divisava com profundo abismo repleto de pedras, árvores e os mais diversos
animais, principalmente cobras. Mas era na confortável casa que o fidalgo
esperava passar o resto de sua vida com a mulher Lauriana, os filhos Diogo e
Cecília e a sobrinha Isabel. Os seus servidores eram praticamente seus agregados.Sobre Isabel, diziam que
também ela era filha de Antônio de Mariz. Entre os homens e mulheres que
estavam a serviço da grande casa, d. Antônio depositava grande confiança em
Álvaro de Sá, que era um jovem da “pequena fidalguia portuguesa” e encarregado
de chefiar os demais homens de armas para guarda e defesa da casa e da família.
A adaptação faz a apresentação de Álvaro na ocasião em
que este retornava com seus comandados da cidade do Rio de Janeiro, percorrendo
apressadamente o interior da mata. Não era sem razão que faziam isso, já que
havia muitos índios (como os aimoré) hostis aos colonos e que podiam atacá-los.
Havia ainda outro motivo que levava o moço a pretender chegar a casa antes das
seis da tarde. É que neste horário d. Antônio reunia a família e os que
prestavam-lhe serviços “numa plataforma de pedra” para as orações de fim de
dia. Dessa plataforma tinham uma linda visão do pôr do Sol... Devoção à parte,
Álvaro não queria perder a ocasião de contemplar a filha de seu senhor,
Cecília, bela e delicada moça de dezessete anos por quem o rapaz nutria um “bem
querer enamorado”.
Entre os homens que faziam parte da comitiva estava Loredano. O ex-frade
conseguiu ingressar no grupo de servidores de Antônio, mas os seus objetivos
eram bem particulares... Ele prosseguia com os seus planos de atingir as minas
de Robério Dias, mas sabia que sozinho não lograria sucesso.
Em meio aos agregados de d. Antônio, Loredano esperava ganhar a
confiança de alguns dos homens de armas e até roubar algum dinheiro para
financiar sua empreitada rumo à Bahia... Não fazia muito tempo que ele havia se
integrado ao cotidiano daquela família. Foi percorrendo as matas, após o
assassinato que cometera, que encontrou o casarão e pediu que o contratassem
também como homem de armas.
Loredano sabia que o jovem Álvaro era apaixonado pela menina Cecília. O
mal intencionado ex-frade também ficou encantado por ela, e é por isso que ele
via o chefe como desafeto. Loredano vivia a desdenhar das ordens que Álvaro
transmitia...
Enquanto a comitiva percorria a mata, numa clareira um índio tocaiava
uma onça pintada... Este era Peri, goitacá da nação guarani. O jovem índio
tinha uma presença marcante, era alto e forte, esbelto, de pele “cor-de-cobre”
e cabelos curtos. Vestia uma túnica branca de algodão (chamada pelos índios de “aimará”)
com cintura envolvida numa faixa de penas vermelhas. Ele ainda levava plumas
coloridas presas à cabeça por uma cinta de couro. Em sua investida contra o
animal, Peri segurava arco e flechas na mão esquerda, enquanto que na direita
carregava uma lança de madeira.
O pessoal liderado por Álvaro avistou a onça e
quis matá-la com suas armas de fogo, mas foram advertidos pelo goitacá para que
não atentassem contra a sua caçada. Logo saberemos que Peri também era chegado
a d. Antônio, que o tinha em consideração... Por esse motivo, Álvaro conhecia o
jovem índio e sabia que ele era “bravo e forte”... Para guerreiros como Peri, o
enfrentamento com a onça era evento sagrado, sendo assim não podia ser
incomodado por ninguém.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/05/o-guarani-de-jose-de-alencar-serie_30.html
Leia: O guarani. Série Reencontro –
Literatura. Editora Scipione.
Um abraço,
Prof.Gilberto