Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/06/o-guarani-de-jose-de-alencar-poesia-do.html
antes de ler esta postagem:
Dona Lauriana disse
que se Peri morresse não estariam perdendo “grande coisa”... Neste ponto do
texto ficamos sabendo o motivo da caçada de Peri... Cecília explicou o seu
desespero dizendo que, se o amigo morresse, ela seria a culpada.
Querendo entender melhor a situação, pois a moça chorava copiosamente,
d. Antônio perguntou o que havia ocorrido. Então Cecília explicou que em
conversa com a prima Isabel havia dito em tom de brincadeira que gostaria de
ver uma onça viva... D. Antônio entendeu que, sendo Peri extremamente devotado
a Cecília e aos seus caprichos, resolveu satisfazer mais esse desejo...
Inconsolável, Cecília repetiu que o índio deveria estar morto por causa disso.
Seu pai tentou animá-la dizendo que Peri sabia se defender muito bem.
Cecília quis saber por que
Álvaro não o ajudou... O rapaz explicou o que havia se passado na floresta...
D. Antônio entendeu perfeitamente, e fez o seu comentário a respeito do caráter
de Peri, algo que admirava sinceramente... Chamou-o “cavalheiro português no
corpo de um selvagem”... E fez referência ao “dia em que salvou Cecília”...
A conversa prosseguiu, mas a triste Cecília demonstrou
indisposição para a convivência... Álvaro e d. Antônio ainda conversaram até
umas oito horas da noite... Enquanto as pessoas entravam na casa, o moço
enxergou oportunidade para trocar outras palavras com a amada... E é neste
ponto que ficamos sabendo a respeito das encomendas que fizera... Álvaro
contou-lhe que trouxe tudo o que ela havia pedido e algo mais (para ela) que
não fazia parte da lista da donzela... Cecília respondeu que, se não era parte de seus pedidos, não queria
receber... O rapaz insistiu e revelou que queria entregar-lhe por tratar-se de
uma lembrança sua... Ela o orientou a guardar bem a tal lembrança, e
imediatamente dirigiu-se para perto do pai. E foi nesse momento que o moço
deu-lhe um pequeno cofre que continha “joias, sedas, espiguilhas de linho,
fitas, glacês, “holandas”, e um par de pistolas embutidas”.
As armas eram para Peri (na adaptação de Pallottini não temos essa
informação), e Cecília lamentou o fato de talvez elas não serem de nenhuma
utilidade para ele... Álvaro pensava na desfeita da moça em relação à prenda
que trouxera com tanta esperança e amor sincero. O moço viu d. Antônio
retirar-se silenciosamente... Depois dele foi a vez de Cecília recolher-se ao
seu quarto, onde ajoelhou-se ante o crucifixo para a sua oração de fim de dia... Antes de deitar-se,
ainda dirigiu-se à janela para olhar a cabana da ponta do rochedo, que
permanecia vazia... Mais uma vez lembrou-se de que podia ter sido responsável
pela morte do amigo índio, aquele que diariamente arriscava a própria vida para
vê-la feliz.
A moça ainda “passou os olhos” pelo quarto e viu que tudo ali era
presente de Peri... As aves e até o pequeno cervo (que dormia sobre o tapete),
penas e peles que enfeitavam as paredes e o chão... É como se Peri criasse para
ela “um pequeno templo dos primores da natureza brasileira”...
Enquanto olhava pela janela, Cecília não se lembrava do cavalheiro delicado
e tímido que era Álvaro... De repente alegrou-se ao notar ao longe um vulto que
vestia uma manta de algodão... Só podia ser Peri... Cecília pôde perceber na
escuridão da noite que ele entrou em sua cabana... Isso lhe trouxe tremenda
alegria.
Então, antes de adormecer mais aliviada,
apreciou mais uma vez todos os mimos que Peri providenciara para ornamentar o
seu quarto... Depois passou a dedicar o seu pensamento à mágoa que causara a
Álvaro ao desdenhar a lembrança que este lhe trouxe do rio de Janeiro.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/06/o-guarani-de-jose-de-alencar-os.html
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto