quinta-feira, 12 de setembro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – escondido pela folhagem, Peri perseguiu Loredano e seus comparsas; o índio ouviu as decisões que tomaram e quis aproveitar a chance de eliminá-los; nota sobre o “lançamento de flecha por elevação”; enquanto aguarda Peri, Álvaro reflete sobre Cecília e Isabel

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-loredano.html antes de ler esta postagem:

O trio de malfeitores não tinha como saber que esteve sendo vigiado por Peri... O índio se escondia em meio à espessa vegetação.
Tão logo Peri deixou o encontro da família por ocasião de sua despedida (que se tornou congraçamento devido à sua permanência), decidiu sair em busca dos aventureiros traidores e de suas tramas... Camuflado em meio à folhagem, ele ouviu detalhes da conversa, acompanhou-
os secretamente e ficou sabendo da proposta de Loredano sobre quem seria o primeiro a entrar na casa (correriam até uma árvore e o último que chegasse seria o primeiro a entrar; em ordem inversa, o vencedor da corrida seria o último a entrar na casa). Peri viu aí uma excelente chance de eliminar os inimigos um por um, pois a corrida faria com que se separassem.
Mas aconteceu que Bento Simões tropeçou, esbarrou no italiano e ambos foram ao chão... Discutiram tão nervosamente que acabaram atraindo Rui Soeiro, que estava bem à frente... Os três se reuniram novamente e Peri cancelou seu plano... Loredano decidiu ali mesmo quem seria o primeiro a entrar na casa anunciando que aquele que tropeçou primeiro era o “derrotado na competição”.
Peri continuou a persegui-los... Mais à frente viu que Álvaro, sem saber, caminhava na direção de Loredano e seus comparsas (o moço tinha acabado de se entender com Isabel enquanto passeavam). Foi neste ponto que Peri decidiu lançar “por elevação” a primeira flecha em direção a ele.
(...)
Esse “lançamento de flechas por elevação” é descrito em nota como uma habilidade dos indígenas do território nacional; eles se deitavam e seguravam seus arcos com os dedos dos pés. As flechas partiam traçando uma parábola no ar até atingir o alvo desejado... No Pará havia competições em que os índios tentavam atingir através desse procedimento um tronco de bananeira decepado... Conta-se que o tenente Pimentel, filho do presidente do Mato Grosso (João José da Costa Pimentel, que governou a província entre 1849 e 1851?), que cavalgava entre outros cavaleiros foi atingido por uma flecha lançada por elevação, alvo da vingança de indígenas.
(...)
Depois de se apartar de Álvaro, Peri prosseguiu no encalço dos criminosos, esperando eliminá-los mais à frente. No entanto, quando estava para atacar Bento Simões, ele ouviu a voz de Cecília que conversava com d. Mariz e Isabel em seu retorno do passeio... Certamente Peri eliminaria o primeiro malfeitor, mas desistiu do ataque por temer que a flecha assustasse a sua senhora... Logo depois passaram Loredano e Rui Soeiro, que mais uma vez escaparam.
Peri começou a se preocupar, pois já era a terceira tentativa frustrada... Calculou que deveria atacar um a um dos malfeitores por traz, mas precisava agir logo porque o italiano não tardaria a por em curso o seu projeto... O índio estava sozinho na perseguição... Então se preocupou também com a possibilidade de ser abatido em uma de suas investidas. Calculou que seria importante avisar d. Antônio também a respeito dessa ameaça à casa e aos familiares.
Sabemos que Álvaro viu três vultos que caminhavam com armas em punho e que quis segui-los, mas, atendendo ao pedido de Peri, esperou o seu retorno... Enquanto isso, pensamento do rapaz era todo para os sentimentos em relação à Cecília... Pensava também em Isabel, e nesse caso notava que em muito se assemelhava a ela, que amava sem ser amada... O moço se lembrava do instante em que estiveram bem próximos um do outro, e não podia deixar de considerar sua beleza... Isso o incomodava e o levava a se esforçar a pensar em Cecília, mas a realidade do desengano o dissuadia.
Álvaro estava envolvido nessas reflexões quando Peri reapareceu da folhagem espessa...
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas