quinta-feira, 14 de novembro de 2013

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – Victor Scriassine interrompeu a falação de Claudie com Henri; críticas às ações de comunistas ligados a Moscou em Berlim; Henri e as suspeitas sobre a veracidade das denúncias e autenticidade dos denunciantes; Scriassine e sua decepção em relação a Dubreuilh e ao seu pessoal; Volange critica a discussão a respeito de política

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/11/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_13.html antes de ler esta postagem:

A conversa de Claudie tentando familiarizar Henri com as histórias de suas amigas ricas, e dos endinheirados que apareciam em sua casa para eventos beneficentes, só foi interrompida quando Scriassine disse que tinha de falar com Perron... Ela colocou-se a um canto para tagarelar com Huguette...
Victor Scriassine queria falar de política... Lembrou que o próprio Henri havia se comprometido a não renunciar a verdade mesmo tendo vinculado L’Espoir ao SRL. Esclareceu que poderia apresentar “fatos acabrunhadores” que denunciavam o regime soviético. Henri riu e disse que Le Figaro divulgaria aquele tipo de matéria bem antes que o seu conteúdo chegasse a L’Espoir.
Scriassine disse que tinha um amigo que havia lhe transmitido o modo como os soviéticos sufocaram o “nascedouro da revolução” em Berlim. Esclareceu que um “jornal de esquerda” deveria repercutir aqueles acontecimentos, e precisava saber se Perron estava disposto... Detalhou que em várias partes da cidade os comunistas se mantiveram agressivos mesmo no tempo de Hitler... E mais: “Durante a Batalha de Berlim, os operários de Köpenick, os de Wedding, a Vermelha, ocuparam as fábricas, içaram a bandeira comunista e organizaram comitês. (...) Estava em marcha a emancipação dos trabalhadores, promovida por eles mesmos”.
Scriassine falava como que em segredo a Henri. Fez pausa e continuou afirmando que os revolucionários estavam prontos para ”fornecer os quadros do novo regime”, mas “os burocratas chegaram de Moscou, varreram os comitês, liquidaram a base e instalaram um aparelho estatal”...
O russo esperava uma reação de Henri, que respondeu que ele não dizia nada de novo... Perron lembrou-o de que os burocratas citados eram “comunistas alemães refugiados na União Soviética”. Eles “tinham criado, havia muito tempo em Moscou, o Comitê da Alemanha livre”... A grande questão, para Henri, era o fato de não haver modo de garantir que todos os que sublevavam fossem, de fato, sinceros comunistas... Podiam existir entre eles muitos nazistas oportunistas... Sessenta milhões de seguidores de Hitler sustentavam que “sempre foram contra o Regime!”
Scriassine disparou que tinha certeza que o pessoal de Henri não se disporia a “abrir a boca contra a URSS” como o faziam quando queriam “atacar a América”. E completou dizendo que Dubreuilh “estava vendido”... Henri não podia acreditar que o outro pensasse daquela forma, mas continuou a ouvir as argumentações a respeito do “velho e célebre intelectual que comprava aos demais com dinheiro do PC”... Dubreuilh, que já possuía o público burguês, desejava as massas. Henri desafiou-o a falar aos filiados do SRL que seu líder máximo era um comunista...
(...)
Louis surgiu para por um fim a essa conversa. Reclamou que falar de política numa noite de encontro de amigos era um desperdício. Henri concordava com ele, mas por dentro irritou-se porque notava que Volange queria forçar a interação e cumplicidade que ambos tiveram quando eram jovens. O tipo insistiu dizendo que ao discutirem política deixavam de lado temas como a beleza, a poesia e a verdade.
Henri pensou sobre o que deveria dizer ao outro (algo como “não temos nada mais a fazer juntos”)... Simplesmente resolveu que devia ir embora pronunciando uma frase feita, então disse que ainda existem pessoas que se interessam por aqueles assuntos...
Foi então que Lambert se intrometeu perguntando quem se interessaria.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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