Afrodite ficou furiosa ao saber que Eros não cumpriu sua orientação sobre a punição que reservara a Psique. Sabemos que ela havia pedido para ele derramar gotas da água amarga da fonte de seu jardim na bela face da princesa. Mas o deus alado resolveu que deveria diminuir o padecer de Psique com as gotas de água doce... Vimos que ele acabou se ferindo na ponta de uma de suas flechas, apaixonou-se pela rival da mãe e derramou toda a água doce que trazia sobre ela.
Então a situação tornou-se complicada para esses três personagens. Eros doía-se de amor por Psique; Afrodite continuava irritada por não receber a atenção dos mortais; Psique tornara-se ainda mais venerada, mas, como sabemos, sua estonteante beleza passou a ser também um empecilho, já que até os príncipes consideraram-se indignos de se casar com ela.
(...)
Afrodite explicou a Eros
que não havia o que fazer em relação ao seu erro de ter despejado água doce
sobre Psique. Por causa disso, a princesa permaneceria bela e jovial... A deusa
resolveu que o seu novo plano consistia em fazer Psique se casar com um “monstro
banido pelo Céu e pela Terra”... Garantiu que dessa vez Eros teria condições de
realizar a tarefa a contento.
A ideia consistia em tornar Psique envergonhada pela
própria união conjugal. Era certo que pretenderia se isolar e desaparecer do
meio das pessoas, que logo se esqueceriam dela e voltariam a admirar a deusa da
Beleza...
Eros pediu à mãe que desistisse de mais esse cruel projeto. Explicou que
Psique já havia sido prejudicada o bastante por não ter mais nenhum pretendente
a não ser ele mesmo.
A deusa explicou ao filho que ele deveria se curar
daquela “doença” e fazer Psique se casar com um monstro... Então, depois de
alguma reflexão, Eros sentenciou que conhecia a cura e pediu para a mãe se tranquilizar,
pois faria a princesa se casar com o “pior dos monstros” como ela desejava...
Depois pediu a sua autorização para que pudesse colocar a sua ideia em prática.
Afrodite autorizou e exigiu que ele se apressasse.
Eros se retirou... A mãe preparou-se para o banquete com os demais
deuses enquanto refletia sobre a condição do filho e se ele voltaria a ter a
consideração de todos no Olimpo...
(...)
Enquanto isso Psique sofria... A rainha estava desolada... O rei decidiu
que deveria fazer novas consultas ao Oráculo de Apolo. Dessa vez, seguiu
acompanhado da esposa e da princesa. Os três disfarçaram-se de gente comum para
não atrair nenhuma atenção...
(...)
O sacerdote era um tipo envelhecido e cego. Vivia numa caverna isolada
da agitação dos grandes centros... Outrora havia exercido funções importantes
no templo de Apolo, mas foi por decisão própria que decidiu viver como asceta.
Era um homem sábio, podia se comunicar com os deuses e antever o futuro
daqueles que o consultavam... Suas vestes eram rasgadas e imundas... As pessoas
viam-no como um mendigo repugnante.
Psique chorava enquanto
caminhava. A rainha ansiava por uma solução para a vida de sua filha querida e
só conseguia pensar sobre isso... Era com sinceridade que o rei esperava
recuperar as suas noites de sono. Então a princesa cogitou sobre a
possibilidade de o Oráculo não apresentar nenhuma solução para o seu caso...
A rainha consolou Psique dizendo que, se assim
fosse, retornariam ao palácio para chorar juntas... Ao ouvir isso, o rei
suplicou a Eros que concedesse a Psique um casamento com algum príncipe, mas,
se isso não fosse possível, rogaria a Apolo que transformasse o choro da filha em
uma bela harmonia de harpas... Só dessa forma poderia voltar a dormir.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/01/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_5.html
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto