Aqui retomamos o enredo a partir da visita das duas irmãs de Psique...
Como sabemos, movidas por sua inveja, elas deixaram a princesa assustada com a história de que o marido misterioso só podia ser o monstro anunciado pelo Oráculo... Convenceram-na de que o melhor que tinha a fazer era descobrir sua identidade.
(...)
Depois que as duas foram embora, Psique não conseguiu se desvencilhar
dos conselhos. De fato, à noite ela levantou-se e seguiu munida de lâmpada e
faca afiada para o aposento do esposo. Para a sua surpresa, em vez de um
monstro, viu que ele era belo e encantador, um deus de “madeixas louras”... Na
intenção de contemplá-lo mais de perto, acabou deixando “uma gota de óleo
ardente” cair sobre seu ombro.
Cupido voou para o alto
passando pela janela. Psique tentou alcançá-lo, mas acabou caindo... Nesse
momento ele advertiu-a e a fez entender que havia sido tola ao confiar
plenamente nas invejosas irmãs... Em vez de acreditar em seu amor, ela
convenceu-se de que deveria cortar-lhe a cabeça.
É por isso que decidiu mandá-la de volta à família...
Sentenciou que “o amor não pode viver com a desconfiança”, então o seu castigo
seria o desprezo de quem a amava.
Abandonada pelo marido, Psique viu que à sua volta tudo desapareceu...
Jardins e palácio luxuoso deixaram de existir como que por encanto. Sem saber
como proceder, resolveu se encontrar com as irmãs... Falou-lhes sobre o seu
infortúnio. Mas em vez de algum consolo ou lamentação, ouviu que alimentavam a
esperança de serem escolhidas por ele como substitutas.
Na manhã seguinte as gananciosas irmãs de Psique
levantaram-se bem cedo e dirigiram-se à montanha... Cada uma tentando se
antecipar à outra, fizeram isso em segredo...
Cada uma (num momento
diferente) convocou Zéfiro e pediu que fosse por ele levada...
Com as duas aconteceu a mesma coisa... Atiraram-se ao ar, mas em vez de
serem sustentadas pelo deus do Vento, caíram e se despedaçaram precipício
abaixo...
(...)
A narrativa de Roriz conta o fim trágico das irmãs de Psique de modo
diferente. Como sabemos, as irmãs agiram juntas, esperaram que Zéfiro as
conduzisse, mas foi Bóreas quem apareceu soprando-as para o Antigo Egito, onde
se tornaram escravas pelo resto de suas vidas.
(...)
De sua parte, Psique prosseguiu caminhando em busca do marido. Não parou
nem mesmo para se alimentar... Depois de muitos dias deparou-se com uma grande
montanha onde se encontrava um templo majestoso. Ficou esperançosa, pois sentiu
que iria reencontrá-lo por ali.
Psique entrou no templo e viu que nele reinava a desordem. Havia montes
de trigo (em feixes e em espigas) misturados a espigas de cevada. Muitas
ferramentas camponesas também podiam ser vistas largadas sem o menor cuidado...
A reação de Psique foi tentar estabelecer um mínimo de ordem. Viu que o templo
era devotado à Ceres (Deméter) e considerou que, qualquer que fosse a divindade,
ela deveria se esmerar na devoção...
O texto de Bulfinch esclarece que a própria divindade se apiedou de
Psique e relatou a ela que nada podia fazer em relação à ofensiva de Vênus...
Então orientou que se apresentasse voluntariamente à deusa da beleza para
conseguir o seu perdão.
Ceres explicou que ela devia se mostrar humilde
e submissa...
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Leia: O Livro de Ouro da Mitologia. Ediouro.
Um abraço,
Prof.Gilberto