A partir do capítulo VI o cenário deixa de ser o de Londres...
O texto descreve Suez, o canal e todos os benefícios que a grande obra proporcionou à navegação graças “aos esforços de Ferdinand Lesseps”, o diplomata francês que “passou para a História” ao promover a abertura da grande via de navegação... Lesseps era empresário e dono da Companhia Suez, responsável pela grandiosa obra (1859-1869) em que mais de 120 mil operários morreram.
(...)
No dia 9 de outubro, em meio
ao movimento de uma multidão de egípcios e estrangeiros que buscavam se acertar
para os próximos embarques, dois ingleses pareciam agitados enquanto aguardavam
a chegada do Mongólia, um dos mais modernos navios da Companhia Peninsular e
Oriental.
Um deles era o cônsul do Reino Unido para a Egito...
Na região do canal, ele conferia com satisfação que, de fato, as embarcações de
seu país atravessavam regularmente a grande obra que reduzira drasticamente o
percurso que outrora se realizava pela região do Cabo (extremo sul do
continente)...
O outro era um tipo de estatura mais baixa... Sem dúvida era o mais agitado
e tinha semblante que revelava impaciência... Este era Fix, um inspetor de
polícia que como tantos outros fora encaminhado para “algum porto do mundo”
para proceder à captura do ladrão que desfalcara o Bank of England.
A partir do momento que surgisse um suspeito, o
policial ou detetive devia persegui-lo de perto até que obtivesse um “mandado
de prisão”... Como sabemos, este Fix é o policial que viria a suspeitar de Phileas Fogg. No momento ele alimentava suas convicções a partir das descrições sobre um “personagem distinto e bem apessoado” visto na
“sala de pagamentos do banco”.
Não há dúvida de que a recompensa pela captura do criminoso motivava os
agentes... Podemos imaginar o quanto isso também interessava o policial Fix.
(...)
O vemos perguntando ao cônsul se era certo que o Mongólia não se
atrasaria... O outro o tranquilizava garantindo que a embarcação jamais deixara
de receber a gratificação instituída pelo governo pelas viagens finalizadas em
pelo menos vinte e quatro horas antes do tempo previsto.
O diplomata seguiu explicando que no dia anterior o Mongólia havia
passado por Port-Said... Há apenas cinco dias havia recolhido carga “das
Índias” em Brindisi (Itália)... O policial podia ficar sossegado que a
embarcação não se atrasaria. A dúvida do cônsul era sobre o sucesso em relação
à identificação do homem esperado por Fix.
O inspetor de polícia tinha
suas convicções... Garantiu que tinha “faro” para sentir a presença do
bandido... O tipo não lhe escaparia de modo nenhum. O cônsul desejou-lhe sorte,
pois em tudo as descrições recebidas definiam um “homem honesto”.
Fix deu razão ao cônsul... Mas quis demonstrar
que nada daquilo lhe era estranho, pois agindo daquela forma, os grandes
bandidos podiam circular em meio às pessoas de bem. Este era o seu disfarce!
Bem diferente era o que ocorria com os que não conseguem esconder sua “cara de
bandido” e têm de “andar na linha” para não serem descobertos.
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Postagens
dessa sequência são parceria de Mariana & Gilberto
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/01/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_24.html
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção
“Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto