sábado, 29 de julho de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – no último instante o duelo foi interrompido por um ataque sioux ao trem; todos contra os índios; locomotiva desgovernada em velocidade estupenda, assalto e confronto corpo a corpo

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/07/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_28.html antes de ler esta postagem:

Era inevitável... Tudo indicava que o momento do duelo havia chegado.
Tudo muito simples. As testemunhas trancaram o vagão onde ninguém, além dos dois contendores, teve permissão de ficar.
A locomotiva apitaria, e este seria o sinal que daria início à troca de tiros. Depois...
Depois as testemunhas  entrariam no compartimento “para remover os restos dos dois cavalheiros”...
Por motivos diferentes, Passepartout e Fix sentiam o coração disparar.
(...)
Para os que se posicionaram fora do vagão, não havia mais o que fazer. Era esperar o apito do trem e a saraivada de tiros que ocorreria a seguir.
Mas o trem não apitou... Em vez disso, ouviu-se uma “gritaria infernal”... Além dos gritos de pânico, ouviam-se disparos que não vinham do vagão dos duelistas.
Deu para notar que os tiros partiam do trem, que também estava sendo alvo de balaços. Proctor e Fogg retiraram-se do vagão que havia sido reservado para eles. Os dois tinham suas armas em punho e se encaminharam diretamente para a locomotiva, que era o local onde as detonações estavam ocorrendo.
(...)
Acontece que guerreiros sioux atacavam a composição... Verne os chama de “insolentes” habituados a interromper o curso dos comboios que passavam pela região... O trem estava em pleno movimento e os índios lançavam-se de seus cavalos com rifles para cima dos vagões... Pareciam “malabaristas de circo”.
O barulho era ensurdecedor também porque os passageiros (praticamente todos eles) revidavam os disparos.
No início de seu ataque, os guerreiros sioux invadiram a locomotiva e desferiram golpes de porretes nas cabeças dos maquinistas e do foguista... Os dois desmaiaram enquanto um dos índios passou a manipular o manete. Sua intenção era a de parar a composição, mas, em vez disso, abriu totalmente a entrada de vapor, e a fez acelerar ainda mais.
Foi por isso que o trem passou a desenvolver velocidade maior. Os índios que haviam pulado sobre os tetos dos vagões realizavam manobras incríveis (Verne os compara a “macacos enfurecidos”, e isso denota mais uma vez a sua visão etnocêntrica). Eles arrombavam portas e atracavam-se com os passageiros. Alguns deles assaltaram o compartimento das bagagens e arremessaram malotes e outros volumes para fora.
(...)
Como os passageiros não estavam dispostos a perder suas bagagens, o confronto tornou-se acirrado...
O trem estava desenvolvendo uma velocidade espetacular. Certamente passava dos cento e cinquenta quilômetros por hora. Mesmo assim, nos vários vagões ocorriam conflitos corpo a corpo.
A jovem Aouda mais uma vez demonstrou destemor. Diante da ameaça sioux, pegou um revólver e o disparou contra índios que haviam saltado de seus cavalos e que tentavam entrar nos vagões pelas janelas.
Uns vinte sioux foram atingidos por balaços disparados pelos passageiros. Os que não morriam por causa dos tiros terminavam esmagados pelas rodas dos vagões. Também entre os passageiros contavam-se baixas significativas. Muitos deles haviam sido atingidos por balas ou porretes e estavam fora de combate.
O maior problema para os passageiros talvez fosse o descontrole do trem... À toda velocidade, a composição passaria direto pela estação do forte Kearney... Ali estava instalado um destacamento americano que certamente colocaria fim ao assalto indígena.
(...)
Fogg combatia ao lado do condutor... De repente o funcionário caiu ao ser atingido por um balaço. Antes de desmaiar, o homem teve o cuidado de alertar o inglês sobre a necessidade de parar o trem em cinco minutos.
Se não fizessem isso estariam perdidos.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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