sexta-feira, 30 de março de 2012

"Os Mandarins", de Simone de Beauvoir. Henri é entrevistado e depois conversa sobre política no Isba

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/10/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-o.html antes de ler esta postagem:

Henri Perron passa algum tempo concentrado no escritório de L’Espoir... Verifica a correspondência e os artigos dos jovens colaboradores... Gosta do que lê, mas os textos de Sézenac o desapontam... Lambert apareceu querendo saber das impressões que o outro teve de Portugal... Deu boas notícias sobre a crítica favorável ao Courrier Roman, escrito pelo chefe durante a guerra... Ele mesmo leu de uma só vez, e também o considera muito bom...
Lambert alerta sobre a necessidade de Henri tomar cuidado com o assédio de Robert Dubreuilh, que passaria a pressionar L’Espoir a uma filiação com o SRL. Depois que Lambert sai, Marie-Ange Bizet entra, sem ser convidada... Ela é uma jovem jornalista do Lendemain e pretende uma entrevista com Henri. Ele quer fazer a outra entender que não concede entrevistas, mas decidiu permitir uns quinze minutos de conversa.
Ela quis saber as origens de Henri, recordações de infância, detalhes “pitorescos”... Mas nada disso o outro tem para falar. Conta que o pai era farmacêutico em Tulle, e que as conversas dos adultos da família eram dominadas pelas transformações políticas, econômicas e sociais pelas quais o mundo passava... As dificuldades das classes laboriosas, o Comunismo e seu avanço, as encruzilhadas da civilização... Depois Henri é levado a revelar que deixou a pequena cidade, atraído que foi pelo tio para uma vaga no Vendredi, jornal parisiense. Falou ainda sobre La Mésaventure, seu primeiro romance aos vinte e cinco anos, e da interação com Dubreuilh, que o apoiou na trilha intelectual...
Prosseguindo a narrativa em que era direcionado pela repórter, Henri falou sobre sua participação na guerra... Logo foi ferido e, na Resistência, fundou L’Espoir com Luc, em 1941. Disse que estava com o projeto de lançar a revista mensal Vigilance com Dubreuilh, mas que nada tinha a dizer sobre o partido político que o outro estava criando. A moça ainda queria saber sobre o panorama político que Henri conheceu em sua viagem a Portugal... Henri tratou de encerrar a conversa dizendo poucas palavras sobre como parecia improvável que Salazar recebesse pressões internacionais, sobretudo porque ele tinha o poder de negociar bases aéreas com os norte-americanos.
(...)
Na sequência, Henri segue com Paule ao Isba, um restaurante com música cigana ao vivo. Lá estão Scriassine, Robert Dubreuilh, Anne e Julien. O local e o fundo musical são preferências de Scriassine... À porta do lugar, um batalhão de repórteres estava posicionado. Os intelectuais da Resistência eram celebridades... Mas isso era algo que eles não cultivavam, e Robert era o mais agressivo quando se tratava de lidar com assédio da imprensa.
Henri é convidado a, mais uma vez, falar sobre sua viagem de férias... Em poucas palavras diz que a situação daquele país era de tristeza, apesar de suas belezas naturais... Sabemos bem os motivos dessa breve conclusão...
Aparentemente Scriassine demonstrava mais interesse em beber e ouvir música do que tratar de assuntos de política. Porém o assunto dominante foi mesmo o partido de Dubreuilh e a sua insistência em fazer do L’Espoir o jornal oficial de seu SRL. Robert falou também da revista e logo ouviu palpites de Scriassine.
Falando sobre os ditadores Salazar e Franco, Henri lamentava o fato de os norte-americanos temerem muito mais o avanço do comunismo. Sobre isso Scriassine, Henri e Dubreuilh debateram e um certo mal estar ocorreu porque Scriassine considerava as posições de Robert muito próximas da União Soviética. Para Scriassine a URSS era uma ameaça à Europa. Já Robert via que a saída para a França seria um governo de Frentes Populares, de independência em relação aos soviéticos. Ele considerava a forte influência norte-americana muito mais perigosa aos franceses.
Henri também sentiu-se incomodado com a intimidação de Dubreuilh em relação ao L’Espoir. Robert mostrava que o jornal não representava nenhum posicionamento político mais sério e que o SRL necessitava daquele veículo de informação para agregar maior militância.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/04/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir.html...
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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