quinta-feira, 30 de agosto de 2012

“A Moreninha”, de Joaquim Manuel Macedo – Série Reencontro – Augusto passeia com d. Ana; conversam sobre sua inconstância; o rapaz começa a falar sobre uma antiga paixão

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_24.html antes de ler esta postagem:

Mais tarde todos seguiram para o agradável passeio pelo jardim... Formaram-se casais e os cavalheiros seguiram de braços dados às senhoras... Trocaram palavras delicadas como era do costume... Conversas animadas, respeitosas e carinhosas... Uma elegância só na qual se percebia o afetuoso jogo da conquista... Afinidades afloravam... Augusto, porém, permanecia só... Além dele, Carolina estava desacompanhada porque não fazia mesmo questão de companhia. Rejeitava os acompanhantes porque preferia correr, saltar e permanecer livre para poder caçoar das amigas.
Foi dona Ana quem se aproximou de Augusto... Ela principiou dizendo que estranhava o modo como ele havia defendido durante o jantar a sua condição de tipo inconstante quando o assunto era o amor... Ela rebateu a sua ideia (de que se tratava apenas de uma opinião sem maiores consequências)... Disse que, se assim fosse, as famílias corriam riscos, pois a base da paz familiar está na constância das relações... Depois, a avó de Filipe falou que não acreditava que Augusto pensasse sinceramente daquela maneira, e argumentou que provavelmente o rapaz se manifestava assim para atrair o interesse das moças. Augusto disse que não, e manifestou que aquilo era consequência de seu desejo de buscar sossego... Explicou que, permanecendo inconstante, mantinha-se fiel a um antigo amor.
Dona Ana se interessou... Quis saber se era bonita a moça pela qual seu coração devotava tanta fidelidade... Augusto disse não ter condições de responder, pois sequer lembrava-se do semblante da amada... Nem mesmo sabia onde ela vivia. Ao perceber que aguçava a curiosidade da anfitriã, propôs que conversassem mais calmamente numa gruta localizada num rochedo.
O interior da gruta era agradável. Além de uma relva onde podiam se sentar, havia uma bacia natural de pedra onde se acumulava água límpida e fresca que caía gota a gota do alto... Um copo de prata preso a uma corrente estava à disposição de quem quisesse matar a sede. Depois de perceber que estavam distantes e afastados dos olhares dos demais, Augusto deu início à sua história, que ganhava contornos misteriosos e já instigava dona Ana.
Ele contou que quando tinha treze anos, passou alguns meses na corte... Viviam numa fazenda do interior, mas negócios importantes levaram seu pai a deslocar a família ao Rio de Janeiro... Numa ocasião, quando brincava numa praia, conheceu uma menina que contava uns oito anos de idade... Ele a descreveu como agradável e alegre... A criança mais bonita que já vira... Um anjo de cabelos negros e anelados... Contou que se aproximou dela e notou que ela estava encontrando dificuldades para apanhar uma concha na areia por causa das fortes ondas... Resoluta, a menina suspendeu o vestido até os joelhos e tentou alcançá-la, mas caiu e, ofegante, disparou na direção dele... Disse que “ia morrer afogada”. Mas isso foi por um instante, pois a seguir pôs-se a rir muito da situação... Augusto conta que decidiu pegar a concha para a bela menininha... Depois disso tornaram-se amigos e por horas a fio brincaram e riram na areia.
Veremos que esse encontro casual não terminou por aí...
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/08/a-moreninha-de-joaquim-manuel-macedo_31.html
Leia: A Moreninha. Série Reencontro – Literatura. Editora Scipione.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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