sexta-feira, 31 de maio de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – novas provocações no caminho da expedição comandada por Álvaro de Sá; o italiano sabe do segredo do rapaz, o interesse pela bela Cecília; sérias ameaças são trocadas – Segunda Parte

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/05/o-guarani-de-jose-de-alencar_31.html antes de ler esta postagem:

A conversa prosseguiu ainda por algum tempo e serviu para Álvaro concluir que o aventureiro italiano o perseguia. Isso de questionar autoridades e suas ordens não era admitido... Ele quis finalizar dizendo que a pressa nas ações era o resultado da ordem que havia recebido, e que o outro podia pensar o que bem quisesse.
Esse Loredano era mesmo um tipo provocativo e, demonstrando desprezo, seguiu assobiando enquanto cavalgava próximo de Álvaro. Logo saberemos mais a seu respeito (quem leu o início da adaptação de Pallottini sabe que ela adiantou-se na apresentação do personagem)... Por enquanto o texto original prossegue revelando um pouco de seus traços físicos (o italiano era moreno e tinha uma longa barba; era alto e forte) e mais a respeito de sua ousadia em relação ao chefe.
Os dois voltaram a conversar depois que Loredano notou a ansiedade do jovem Álvaro ao observar através dos sinais naturais da floresta a aproximação da tarde... O subalterno irreverente disse-lhe que poderia ficar sossegado, pois chegariam antes das seis horas... Demonstrando desagrado, Álvaro falou que o outro não precisava fazer rodeios e poderia dizer abertamente o que estava pretendendo. Então o italiano falou que devia estar claro para Álvaro que ele já sabia o motivo de sua pressa e ansiedade... O rapaz retrucou e disse que já tinha explicado o seu comportamento, então era evidente que Loredano sabia que a situação se devia ao fato de terem de obedecer à ordem de d. Antônio...
Loredano prosseguiu em suas provocações... Concordou com o que ouviu, e disse que o dever é cumprido “com satisfação quando o coração nele se interessa”. Álvaro chamou o nome de Loredano advertindo-o ao mesmo tempo em que levava sua mão até a espada. Esse comportamento revela que, de fato, o moço tinha um segredo que dizia respeito às coisas do coração e sentimentos em relação à filha de d. Antônio...
O italiano fez que não notou o gesto de Álvaro... Concordou que era legítima a razão do empenho do rapaz no cumprimento da ordem de d. Antônio de Mariz, mas ressaltou mais uma de suas “inquietações”. Disparou que em vez de saírem do Paquequer no domingo, seguiram para o Rio de Janeiro apenas um dia depois e, além disso, a pressa de Álvaro em retornar os levariam a chegar antes do domingo seguinte!
Álvaro destacou que Loredano era mesmo muito observador, e isso foi reforçado depois que ouviu dele que chegariam a tempo da prece conduzida pelo fidalgo ao entardecer... O jovem chefe da expedição lamentou que o dom de Loredano fosse dispensado com futilidades... Foi então que o italiano explicou que, por aquelas paragens, não havia muito mais para se distrair e que, nisso de observar os demais e o seu redor, percebia situações reveladoras.
Instigado por aquelas últimas palavras, Álvaro quis ouvir mais. O sarcástico Loredano então contou que tinha notado por aqueles dias os hábitos de “um moço que se desligava da lide aventureira para apanhar uma flor”, ou ainda os de “um homem que, insone, decidia passear de noite à luz das estrelas”...
Álvaro reconheceu-se em ambas as situações, desabafou sua indignação e sentenciou que o italiano se parecia mais com um espião... Seu tom agressivo levou o italiano a pegar sua adaga, porém isso não teve as consequências de uma luta, e a conversa prosseguiu em tom de novas provocações. O rapaz reafirmou sua opinião sobre Loredano, e jurou que se ele voltasse a proferir chacotas em relação aos seus sentimentos, às suas posturas e decisões iria esmagá-lo.
O italiano não se intimidou e respondeu que, entre eles, não era Álvaro que deveria fazer ameaças; e que não era ele, Loredano, quem devia temer alguma coisa... É claro, se o outro queria saber se reconhecia o seu lugar, afirmava que o jovem era o seu chefe, mas conhecia o seu segredo. E nisso estava o seu trunfo.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/06/o-guarani-de-jose-de-alencar-peri-e-sua.html
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto 

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