Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/05/o-guarani-de-jose-de-alencar-dados.html
antes de ler esta postagem:
O texto de José de
Alencar nos apresenta um quadro mais completo da família de d. Antônio de
Mariz. Porém, de um modo geral vamos conhecendo traços físicos e personalidades
conforme a história vai se desenvolvendo... Sobre o clã do fidalgo, observa-se:
Dona
Lauriana era paulista e, em nota, ficamos sabendo que a personagem real
chamava-se Lauriana Simoa... Era dedicada ao lar e disciplinada nos
compromissos da religião. Alencar a descreve como um tipo egoísta, mas isso não
a limitava na prática de eventuais boas ações... Diogo de Mariz, o filho do
casal, era um moço que passava o seu tempo em “correrias e caçadas”. Em outra
das notas ficamos sabendo que ele também é histórico, e que se tornou provedor
da alfândega do Rio de Janeiro, tendo substituído o próprio pai naquela
função... Cecília era a jovem de dezoito anos, a moça mimada pela família e o
centro de todas as atenções daquele lugar... Isabel era sobrinha de d. Antônio
e companheira de Cecília em seus passatempos. Sobre ela, o romance destaca que
os companheiros do fidalgo desconfiavam que ele fosse o pai da garota, cuja mãe
devia ser uma índia com a qual ele se envolveu no passado... Mas sobre isso não
se falava.
O texto prossegue tratando
da “bandeira” chefiada por Álvaro de Sá, que era jovem da confiança de d.
Antônio. Alencar preocupa-se em explicar que as bandeiras eram caravanas de
aventureiros que entravam pelos sertões na esperança de encontrar ouro,
brilhantes e pedras preciosas. Essa, que faz parte do romance, retornava do Rio
de Janeiro, onde havia negociado os produtos que conseguiu graças às incursões
por terras auríferas.
Vemos
Álvaro de Sá apressando os seus companheiros, incentivando-os a acelerarem o
passo, pois restavam poucas léguas até o casarão de d. Antônio... Aproximou-se
dele um tipo com sotaque italiano para conversar. Tratava-se do senhor
Loredano, integrado ao grupo fazia pouco tempo... O comentário que fez
referia-se à pressa desejada pelo outro. Como Álvaro tivesse argumentado que
era natural o desejo de retornar, Loredano respondeu que também era natural que
poupassem os animais.
O
rapaz notou que Loredano estava querendo provocá-lo de alguma maneira, então
quis saber o que o outro pretendia... Sobre isso, Loredano disse apenas que,
pelo ritmo que seguiam, era provável que chegassem antes das seis da tarde. O
moço corou e garantiu que, de fato, seria melhor que chegassem com a luz do
dia.
Loredano continuou a provocá-lo e fez referência à
Escritura, dizendo que “não há pior surdo do que aquele que não quer ouvir”...
Álvaro gracejou, pois aquela observação era algo inusitado entre os
aventureiros. O italiano respondeu que aprendeu aquele ensinamento na Rua dos
Mercadores, com um vendedor de brocados e joias... Dessa vez Álvaro ficou ainda
mais enrubescido, pois notava que o outro sabia algo sobre ele e aquela
conversa servia apenas para provocá-lo.
O
chefe do grupo quis por um fim ao diálogo, mas Loredano perguntou se ele não
havia entrado na referida loja... Sem jeito, Álvaro respondeu que não se
lembrava e que, além disso, não tinha tempo para as “galantarias de damas e
fidalgas”... Ainda em tom provocativo, Loredano disse entender a falta de tempo
do outro já que “se demoraram no Rio de Janeiro apenas cinco dias, quando o
normal seria dez ou quinze dias”.
A provocação do subalterno persistiu pelo
caminho... No final restou uma desagradável tensão entre ele e o jovem
Álvaro... Mas isso fica para a próxima postagem.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/05/o-guarani-de-jose-de-alencar-novas.html
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto