O rei acertou que os dois príncipes do reino vizinho poderiam realizar nova visita, pois concordaria que, além de Téssora, também Psique se casasse. Bastavam os acertos finais e isso estava sendo um tremendo alívio para o pai das moças, que já andava meio paranoico devido aos últimos acontecimentos... Ele desejava paz, já que nem conseguia mais dormir... É por isso que andava exausto.
(...)
No dia da visita, o rei estava sonolento e foi direto ao assunto (a
união matrimonial das filhas) para resolver tudo do modo mais rápido... Mas
aconteceu que o príncipe mais velho anunciou que havia um problema que
precisavam resolver ali mesmo. É que ele e o primo pretendiam se casar com a
mesma princesa.
O rei indignou-se
evidenciando que aquilo era uma afronta aos costumes do povo... Téssora, que
antevia passar por mais uma decepção, fez questão de destacar que aquela
situação era imoral. A rainha nem tinha palavras para expressar o seu
sentimento de horror... Então os moços entraram em detalhes a respeito de seus
sentimentos...
Foi o mais moço quem iniciou dizendo que desde que
vira Psique sentira profunda admiração por ela... Seu primo falou mais ou menos
a mesma coisa.
Via-se que era com
acanhamento que se pronunciavam daquela forma.
Psique enrubesceu no mesmo instante. Téssora enchia-se de rancor.
(...)
Mas de repente o mais velho dos rapazes concluiu que
não era digno da beleza estonteante da caçula, e é por isso que preferia se
casar com Téssora... A malvada filha do rei pulou de sua cadeira, e mais
admirada tornou-se ao ouvir que o mais jovem dos príncipes também pretendia se
casar com ela... Este argumentou que perderia o juízo se, depois de se casar
com Psique, provocasse alguma angústia a ela.
É claro que Téssora não cabia em si de tanta alegria. Psique, de sua
parte, tornou-se arrasada.
A rainha explicou que não havia a menor possibilidade de uma de suas
filhas se casar com dois homens... Téssora mudou completamente sua opinião
anterior e arguiu que o juízo da mãe era moralista demais, pois, como havia o
costume de admitirem inúmeros deuses, não haveria mal algum em uma mulher “possuir
mais que um marido”.
Evidentemente a rainha chamou-lhe
a atenção e pediu que não envergonhasse a todos com suas sentenças irrefletidas.
O mais novo dos príncipes respondeu que entendia as preocupações da
rainha, e é por isso que resolvia naquele mesmo momento abrir mão da disputa
com o primo e pedir a mão de Magnetes.
(...)
Mas que mudança!
As duas pretendidas se saudaram ao mesmo tempo em que a rainha advertia
o rapaz sobre sua deselegância ao “tratar uma dama como segunda opção”...
Magnetes querendo mostrar que a observação da mãe era sem importância, e também
que possuía raciocínio apurado, disse que não era segunda opção, mas sim a
terceira...
(...)
Acertaram que os dois
príncipes passariam a noite no castelo e que no dia seguinte levariam as duas
noivas para sua nova morada no reino vizinho, onde os casamentos se realizariam...
Psique estava arrasada emocionalmente... Téssora desdenhou de sua condição
e disse-lhe que poderia retornar aos estudos para se tornar uma sacerdotisa. A
rainha quis saber de sua caçula o que ela havia feito para provocar o
afastamento dos pretendentes...
É claro que a moça não sabia responder as
motivações que os levaram a mudar suas intenções.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/01/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao.html
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto