Dona Geralda Siqueira S. Pereira foi enviada ao Colônia quando tinha apenas 15 anos de idade... A sua internação tem a ver com o abuso que sofreu em Virginópolis (também no estado de Minas Gerais)... Aconteceu que ela engravidou depois que foi violentada sexualmente pelo patrão... Lançando mão de seu poder, o tipo, que também era advogado, tratou de escondê-la no hospício.
(...)
Geralda é natural da cidade de Coroaci (região do Vale do Rio Doce)...
Ela perdeu os pais quando ainda vivia a sua primeira infância. Exatamente por
isso é que ela foi criada pelos vizinhos... Não se pode dizer que eles tenham
sido cuidadosos com ela, já que ela cresceu longe dos bancos escolares.
Analfabeta, logo arranjaram-lhe trabalho em casa
da família de Virginópolis... Foram tempos de muita exploração no trabalho,
pois mesmo sendo miúda, devia dar conta da limpeza da casa gigantesca, da
comida e de lavar a roupa de toda a família (o casal tinha dois meninos e
quatro meninas)... Algumas das crianças da família eram da idade de Geralda,
mas ela era mantida afastada de suas brincadeiras... Então ela criou o hábito
de brincar sozinha e escondida com uma boneca de pano que fez com retalhos.
Como foi afirmado no início, o patrão era advogado. Ele
mantinha um escritório na parte de cima da imóvel. Sua esposa vivia com crises
nervosas e por diversas vezes teve de ser internada em clínicas psiquiátricas
da cidade de Divinópolis... Aos poucos, exatamente por esse motivo, Geralda foi
se encarregando de todas as tarefas da casa.
O patrão a violentou pela primeira vez numa ocasião em que lavava o
imenso banheiro da residência... Passado algum tempo, Geralda buscou ajuda ao
revelar o seu trauma a uma das irmãs do tipo. Mas tudo o que ouviu foi que “homem
é assim mesmo” e que o melhor que tinha a fazer era esquecer as circunstâncias.
Geralda não tinha a quem recorrer... Ninguém a
protegia...Então aconteceu novamente... Aproximadamente um ano depois que tinha
sofrido a primeira agressão sexual, o advogado a agarrou na cozinha e a estuprou.
Dessa vez ela desejou que a morte a dominasse.
(...)
Quando o inescrupuloso advogado e seus parentes mais chegados notaram
que a menina havia engravidado, não tiveram dúvida e consideraram tirá-la de
circulação para que a notícia não se espalhasse e escandalizasse a sociedade
local... Duas irmãs de caridade (Helena Guerra e Tereza) conduziram Geralda ao
Colônia.
(...)
A primeira impressão que a menina gestante teve do local foi
aterrorizadora. Temos uma ideia do que ela avistou: mulheres deitadas no pátio
sujo e repleto de fezes. Também os gritos e lamentos constantes devem ter
assustado Geralda.
Suas reflexões deviam ser sobre os motivos de a terem levado para um
lugar tão degradante... Como se não bastassem esses transtornos, aplicaram-lhe
o eletrochoque “para amansar”.
Geralda foi encaminhada ao berçário, onde o seu
trabalho consistia em cuidar dos filhos dos pacientes e lavar a roupa... Ela se
tornou fragilizada porque não se alimentava adequadamente... Quando o filho
nasceu no dia 21 de outubro de 1966, ela quase não tinha forças... O evento foi
um milagre... Todavia, o bebê era forte e ela pôde amamentá-lo
satisfatoriamente.
(...)
Por seis meses a mãe esteve junto ao seu filho. O
menino foi batizado pelas freiras com o nome de João Bosco...
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/04/holocausto-brasileiro-genocidio-60-mil_24.html
Leia: Holocausto Brasileiro. Geração Editorial.
Um abraço,
Prof.Gilberto