Estamos acompanhando os episódios que marcaram a vida de dona Geralda, natural de Coroaci. Órfã desde a primeira infância, ela passou por difíceis situações... Foi encaminhada para o município de Virginópolis, onde trabalhou como doméstica para a família de um advogado. Vimos que o tipo, além de explorá-la no trabalho da casa, abusou de sua inocência e violentou-a sexualmente.
Para esconder o escândalo provocado, internaram Geralda no Colônia. Foi no hospício de Barbacena que ela deu à luz o menino João Bosco.
Por algum tempo ela pôde permanecer junto ao filho.
(...)
Dois anos se passaram e as religiosas obrigaram
Geralda a sair do Colônia... Exigiram que ela desse prosseguimento à própria
vida e que se sustentasse com um trabalho regular numa casa de família, pois
ela já possuía experiência. Garantiram que, aos finais de semana, poderia
visitar o filho. O menino cresceria amparado pelas freiras.
E foi isso o que ocorreu... Enquanto trabalhava numa casa de família
durante a semana, Geralda enchia-se de saudade do filho que visitava aos
domingos. Seu desejo passou a ser o de conseguir mais trabalho para ter
condições de alugar uma casa simples, onde conviveria com aquele que lhe era
mais precioso na vida.
Quando João completou três anos, porém, a esperança de
Geralda foi sufocada. Num dos dias de visitação não o encontrou. Chamou-o por
diversas vezes, até que uma das religiosas a informou que o menino havia sido
levado para bem longe. Sua reação foi histérica... Gritou desesperada e agitou-se
desvairadamente. Os seguranças foram acionados e eles procederam como normalmente
faziam nesses casos: levaram-na para outro pavilhão e aplicaram-lhe choques
elétricos.
Geralda deixou o Colônia arrasada. Proibiram-na de retornar sob a ameaça
de não a deixarem sair novamente. Tinha apenas 18 anos, mas o seu estado era o
de uma pessoa envelhecida.
(...)
Neste ponto é preciso esclarecer o que ocorreu com o pequeno João Bosco.
Ele foi enviado à instituição Patronato Padre Cunha, localizada no distrito de
Pinheiro Grosso (também no estado de Minas Gerais). Era a muito custo que freiras
mantinham o abrigo, que acolhia cerca de cem crianças (desde recém-nascidas até
as de treze anos).
Holocausto Brasileiro destaca um episódio
da vida João quando este contava oito anos. Nota-se que o ambiente era satisfatório
para os órfãos atendidos. O relato permite concluir que isso se dava pela
dedicação das religiosas que trabalhavam lá. Há referência à irmã Rosa, de
ascendência polonesa, que se esmerava em sua missão junto às crianças e contava
com o reconhecimento de todas elas...
Era tudo muito simples e havia carências materiais diversas, mas, “mesmo
pobre de recursos, o patronato era sinônimo de lar”.
João Bosco tem recordações positivas do ambiente onde cresceu e das
religiosas que participaram de sua formação... Elas foram como que mães para
muitas crianças que, de outra forma, estariam abandonadas pelas ruas.
No Patronato Padre Cunha havia divisão de
tarefas e tudo era comunitário. João Bosco se recorda de irmã Dita, que lhe dava
conselhos e sanava várias de suas dúvidas. Foi ela que, percebendo que o menino
não se identificava com o trabalho na roça, deu um jeito para que ele cuidasse
dos menores para que aprendesse a noção de responsabilidade com o próximo... É
claro que também havia as ocasiões de punição, mas também elas são motivos de
boas recordações.
(...)
Por volta dos onze anos de idade, o menino João
Bosco começou a questionar os motivos de ninguém visitá-lo no internato
enquanto que outros garotos recebiam parentes devotados... Além dos pensamentos
intrigantes que passaram a perturbá-lo, na mesma época a instituição passou por
mudanças que resultaram em ameaças à integridade das crianças e adolescentes.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/04/holocausto-brasileiro-genocidio-60-mil_5307.html
Leia: Holocausto Brasileiro. Geração Editorial.
Um abraço,
Prof.Gilberto