terça-feira, 29 de julho de 2014

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – Paule está muito mudada; surpreende ao afirmar que também se tornou escritora; fim dos laços com Henri? Lambert, novos testemunhos e pressão para a publicação das denúncias contra os campos soviéticos

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/07/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_28.html antes de ler esta postagem:

Enquanto Henri subia a escada pensava seriamente sobre a possibilidade de Paule ter se desapegado de seu antigo amor... Aconteceu que após a porta se abrir ele acabou se espantando ao vê-la bem transformada, sorriso no rosto, cabelos arrumados e sobrancelhas depiladas... O vestido colante que usava a tornava provocante.
(...)
Sempre a sorrir, Paule perguntou o motivo do olhar admirado de Henri... Ele não escondeu que notava que o seu modo de vestir estava muito diferente. A moça garantiu que mais surpresas ele teria e afirmou que havia começado a escrever... Disse isso enquanto levava uma piteira à boca.
Essa afirmação agitou Perron, que quis que ela contasse mais sobre aquela novidade... Paule deixou claro que “algum dia” ele saberia... Falava e mordiscava a piteira... Para Henri aquela encenação lembrava uma comédia desagradável, em nada parecida com os dramas que tantas vezes a mesma Paule fez questão de protagonizar... Ele teve vontade de arrancar-lhe a piteira e despentear os seus cabelos ajeitados...
Mas em vez disso, perguntou-lhe sobre as férias... Sem entrar em maiores detalhes, Paule disse que passou um tempo muito agradável... Depois foi a sua vez de querer saber o que o amigo andava fazendo... Ele explicou que o teatro lhe tomava muitas horas, disse que Salève era um bom diretor que se irritava por ser muito exigente... Não seria devido ao desempenho da garota? Paule estava se referindo a Josette... Henri garantiu que a outra se sairia muito bem.
Paule quis saber se Henri ainda estava envolvido emocionalmente com Josette... Ele respondeu afirmativamente e garantiu que estava mesmo apaixonado... Ela emendou que aquilo era curioso... Será que Henri acreditava mesmo que estivesse apaixonado pela filha de Lulu Belhomme? Paule sentenciou que era muito esquisito o modo como ele declarava o seu amor...
Essa conversa desagradou Henri... Então mais uma vez ele perguntou sobre como tinham sido suas férias... A tudo Paule respondia com breves palavras (esteve muito ocupada; gostou do lugar...)... De tal modo Henri se sentiu incomodado que decidiu despedir-se... Ela não impôs nenhuma condição e tampouco confirmou novo encontro.
(...)
Quando faltava uma semana para o ensaio geral da peça de Henri, Lambert retornou da Alemanha... Via-se que o rapaz tinha mudado muito depois da morte do pai... Chegou com uma série de testemunhos que havia recolhido e pôs-se a falar freneticamente a respeito deles. Depois quis saber se Henri já se dava por convencido a respeito das denúncias...
Pelo menos quanto ao “essencial”, Henri respondeu afirmativamente... Lambert perguntou se ele conhecia a opinião de Robert. Então Henri deixou claro que já fazia um bom tempo que não o via, pois Dubreuilh não saía do sítio em Saint-Martin.
Lambert exclamou que era preciso que se apressassem a respeito das denúncias e perguntou se havia decisão sobre publicá-las independentemente da posição do “velho” (referia-se a Robert Dubreuilh)... Henri respondeu que o comitê seria consultado... Depois pediu que o rapaz lhe desse oito dias de prazo, garantindo que após o ensaio geral de sua peça falaria com Dubreuilh...
Henri finalizou dizendo que iria ao teatro e perguntou se o rapaz não gostaria de acompanhá-lo. Lambert respondeu que havia lido a peça e que não gostou... Além disso, como que a justificar-se, emendou que tinha muito a fazer... É claro que Henri respeitou a crítica do amigo e não insistiu mais.
Antes de se despedirem, Lambert fez referência a um encontro que tivera com Louis Volange, ocasião em que falaram sobre um semanário que o outro esperava lançar... O cargo de redator-chefe estava sendo reservado para ele... Henri percebeu que o rapaz queria a sua opinião, então disse que conhecia até mesmo o nome do projeto, “Les Beaux Jours”, mas desconfiava que Volange não quisesse se envolver seriamente na direção... Lambert sentenciou que o fato de se ocuparem conjuntamente da publicação tornava a proposta relevante.
Henri percebeu que Lambert estava cada vez mais se aproximando do pessoal da direita...
Mas a finalização desse assunto fica para a próxima postagem.
Leia: Decamerão. Editora Abril.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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