quinta-feira, 31 de julho de 2014

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – Lambert se mostra empolgado por parceria com Volange em “Les Beaux Jours”; Robert e Anne aprovam a peça de Henri; a estreia

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/07/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_29.html antes de ler esta postagem:

Lambert disse que havia sido convidado por Volange para trabalhar numa publicação semanária, o “Les Beaux Jours”... Henri notou que o rapaz estava se aproximando cada vez mais do grupo conservador.
(...)
Henri Perron o alertou que, trabalhando em L’Espoir, devia se sentir pouco a vontade para servir a uma “publicação de direita”... Lambert destacou que o interesse do semanário era unicamente a literatura... Henri quis saber como ele conciliaria as duas ideias, e deixou claro que os que se declaram apolíticos são os mais reacionários.
Lambert lembrou que várias vezes havia manifestado que partilhava das ideias de Louis Volange... Ambos desprezavam a política... Henri advertiu que aquele era mesmo o limite da ação de Louis, seu “inimigo político”. Essa parte final da conversa demonstrou o quanto Lambert estava mesmo mais próximo do outro... Certamente o rapaz era atraído pela neutralidade de Volange, e não se podia desconsiderar o quanto era lisonjeado por ele... Com um tipo como aquele Lambert se reconciliava “com sua consciência em relação à absolvição do pai e à fortuna herdada”...
Henri não tinha dúvida de que não podia permitir que Lambert se afastasse mais.
(...)
Era com sinceridade que Henri gostaria que “alguém de fora” assistisse a um ensaio da peça. Mas viu que Lambert se mostrava hostil, e devia mesmo ter “os seus motivos secretos” para não acompanhá-lo.
Os ensaios suscitavam dúvidas... Henri devia levá-las a sério? Salève e Josette não se entendiam; Lulu Belhomme não aceitava rasgar o belo vestido Amaryllis confeccionado especialmente para a peça; Vernon insistia que após o ensaio ofereceria uma ceia...
O autor se esforçava, mas parecia que ninguém lhe dava atenção... Foi assim que começou a admitir que “uma peça bem sucedida ou malsucedida não é coisa tão grave”... Apesar de insistir consigo mesmo que Josette deveria triunfar no fim de tudo.
Como os Dubreuilh tinham acabado de regressar de Saint-Martin, decidiu convidá-los ao ensaio... Anne aprovou, já que seria ocasião para Robert deixar o trabalho um pouco de lado.
(...)
Henri tinha receio de que Dubreuilh passasse a falar sobre o dossiê dos campos soviéticos de trabalho forçado... Mas isso não ocorreu... Podia ser mesmo que ele nem estivesse preocupado com a situação.
O ensaio teve início e foi Henri que se viu acanhado por estar junto a Anne e Robert que assistiam ao texto de sua autoria sendo dramatizado... Ao final, Robert sentenciou-lhe que o texto era “muito melhor no palco”, Garantiu que Henri podia ficar contente porque “aquilo era o que ele havia feito de melhor”... Anne concordou.
É claro que as palavras de Robert deixaram Henri animado... De sua parte, começou a pensar que talvez a peça tivesse chance de aprovação...
(...)
A noite do “ensaio geral” (que pode ser entendida como a “pré-estreia“) trouxe agitação ao coração de Henri... Ele também possuía sonhos que alimentava desde a juventude... Também ele imaginava alcançar a glória.
As pessoas chegavam e se posicionavam na plateia... Escondido, o autor recordava o seu tempo de estudante, quando escrevia peças que chegavam a ser bem recebidas... Mas eram outros tempos e outro público também...
Em breve ele saberia se suas expectativas se dariam em frustradas ou não.
(...)
Os três sinais da campainha soaram.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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