sexta-feira, 1 de agosto de 2014

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – convidados ilustres celebram a peça; bajulações, fotografias e despeito dos inimigos (e também de antigos amigos) políticos; Robert e suas impressões sobre a peça e os tipos presentes

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/07/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_2.html antes de ler esta postagem:

Era maçante ser fotografado... Mas o circo estava montado.
Henri lembrou-se da peça e da recepção positiva do público... Sem dúvida, uma grande realização com a qual sonhara há muito tempo. Afastou-se de Lucie. Avistou os Dubreuilh, mas antes que pudesse chegar a eles foi barrado por Volange... O tipo bebia seu Martine enquanto o felicitou garantindo que a peça seria um “grande sucesso parisiense”. Henri quis saber de Huguette e o outro respondeu que ela estava bem, acrescentou que os nervos de todos os presentes haviam sido submetidos a uma dura prova... Huguette era sensível demais e teve de se retirar depois do primeiro ato... Como que a se justificar, Louis disse que fez questão de permanecer para felicitá-lo... Acrescentou que, entre os presentes, era o único que o conheceu no ginásio de Tulle, quando deu os seus primeiros passos como escritor.
Parece que Volange fazia questão de lembrá-lo de que fazia parte de seu passado... O tipo estava despeitado e Perron não quis prolongar a conversa... Agradeceu e retirou-se.
(...)
Robert o parabenizou... Parecia divertir-se com a sua conclusão a respeito da peça: “metade do pessoal furioso, e a outra metade encantada” com a encenação... Anne era toda elogios à atriz principal, mas lamentava o tipo que era Lucie Belhomme, “rabugenta vulgar” e sem pudor. Henri quis saber do teor da conversa de Lulu com Vernon e Anne prometeu que lhe contaria mais tarde... Dubreuilh explicou que os que circundavam Lulu não eram exatamente amigos dela, pois “não eram amigos de ninguém”, tipos lastimáveis, o “Tout-Paris”.
Robert finalizou a sua participação na recepção e retirou-se sem mais cerimônia. Ainda deu tempo de combinar a visita de Henri para que tomassem as decisões sobre as denúncias dos campos soviéticos... Anne decidiu permanecer para conversar com Paule... Também era por polidez que ficava.
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Henri cumprimentava a todos os tipos que Vernon lhe apresentava... Não os conhecia... Estendia a mão enquanto pensava sobre as mudanças em sua vida... Houve tempos em que não era difícil distinguir amigos de inimigos... Agora notava que até as antigas amizades estavam sendo infiltradas por reservas e rancores...
(...)
Lenoir e Julien conversavam... O primeiro dizia que a peça havia sido interessante e complexa... Depois lamentava o fato de a montagem ter se efetivado antes do “momento ideal”. Julien quis saber se ele se referia ao referendum e Lenoir confirmou que, de certa forma, a peça “sublinhava as fraquezas dos partidos de esquerda”.
Via-se que os dois alfinetavam o texto e a sua exposição... Aquilo geraria a censura dos comunistas... Henri voltaria a “fazer coro com eles”? Lenoir garantiu que, mesmo tendo sofrido repulsas do PC, jamais se tornaria um anticomunista... Julien riu-se da “fidelidade” do outro... Mas ele teve de ouvir de Lenoir que também o anarquismo é um conformismo e não duvidava que Julien ainda escreveria no “Figaro”.
(...)
Julien aproximou-se de Henri e sintetizou que a peça não era ruim. Melhor seria tê-la transformado em uma “comédia bufa”, pois isso combinaria bem com a alta roda ali reunida... Perron respondeu apenas que o rapaz podia, ele mesmo, escrever o conteúdo sugerido.
Henri olhou para Josette. Ela estava cercada por bajuladores... Dirigia-se a ela quando topou com Volange assediando Marie-Ange. Ela estava visivelmente constrangida... Louis estava embriagado.
Mas antes de socorrer Josette ou Marie-Ange, Henri teve breve conversa com Lambert.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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