sexta-feira, 15 de agosto de 2014

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – a mentira a respeito da inscrição de Robert no PC; as frustrações crescem; Henri tem necessidade de dialogar com Nadine

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/08/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_14.html antes de ler esta postagem:

Desde a publicação das denúncias contra os campos soviéticos de trabalho forçado e suas péssimas condições, Henri não teve mais sossego... A direita o assediava e os antigos companheiros o defenestravam... O comitê do SRL, evidentemente influenciado por Dubreuilh, decidiu expulsá-lo... O PC incumbiu Lachaume da produção de um texto agressivo a Henri e à sua obra... Vimos que sua primeira reação foi a de partir para a agressão física, e acabou desistindo desse expediente graças a Vincent.
As reflexões de Henri eram a respeito dos sentimentos de ódio que passaram a alimentar contra ele...
(...)
O pessoal da direita esperava um alinhamento concreto. Scriassine o visitou depois de ler o “Abaixo as máscaras”, o texto de Lachaume... O tipo apareceu com fortes dores de cabeça e esperava que os últimos episódios dessem em reação favorável à aliança com Bennet.
Mas Henri respondeu que também não estava disponível aos parceiros de Scriassine... Disse isso manifestando que Scriassine podia ter certeza de que seus amigos não precisavam dele.
De modo confuso, Scriassine manifestou desolação... Reclamou que “a esquerda perdeu seu calor e que a direita não havia aprendido nada”... Cogitou que talvez o melhor a fazer fosse se mudar para o campo, mas ao mesmo tempo “não se sentia nesse direito”...
Henri ofereceu-lhe um comprimido de ortedrina, mas ele garantiu que não pretendia recuperar a total lucidez, pois teria de falar com “velhos companheiros”... Scriassine quis saber se Henri responderia o artigo de Lachaume... A resposta foi um “certamente não”... Scriassine disse que ele estava perdendo uma boa oportunidade, principalmente porque sua “resposta a Dubreuilh” havia sido “bem dada”.
Henri perguntou se a “resposta bem dada a Dubreuilh” havia sido justa, e quis saber do informante que Scriassine garantia poder confirmar a inscrição de Robert no PC... Para sua decepção, o outro respondeu que não havia nenhum informante e que, na verdade, ele havia inventado o artifício para convencê-lo a enfrentar Dubreuilh e a publicar os artigos sobre os campos soviéticos...
Scriassine se justificou dizendo que agiu com a “trampolinagem” porque estava convicto de que “Dubreuilh é mesmo comunista”... Ele tinha certeza que Henri não insistiria para falar com a “testemunha” (ver http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/08/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_5.html).
Era certo que Henri jamais imaginaria que pudessem empregar aquele tipo de expediente... Podemos imaginar o quanto aquela revelação o decepcionou.
Victor Scriassine completou dizendo que, mentindo, fizera-lhe um “grande favor”.
Despediram-se... Henri ficou à vontade para não agradecer o “favor”.
(...)
Depois que Scriassine se retirou, Henri continuou a pensar... E dessa vez era a respeito da situação mentirosa armada pelo reacionário... Talvez, apesar daquela invenção, tudo ocorresse da mesma forma... Mas é claro que pensar que “jogou com cartas falsas” era muito deprimente.
De repente Henri sentiu a necessidade de conversar com Nadine e de se explicar para ela... Perguntou a Vincent quando a viria novamente.
(...)
Na quinta-feira, Henri dirigiu-se ao café para encontrar-se com a filha de Robert Dubreuilh.
Logo que chegou cumprimentou-a efusivamente... Não foi correspondido com a mesma energia... Disse que Vincent se atrasaria e na sequência esclareceu que gostaria de saber a opinião da moça em relação ao estremecimento entre ele e Dubreuilh...
Como que a justificar a sua frieza, Nadine respondeu que, entre ela e ele, a relação se limitava às suas esporádicas aparições na Vigilance... Henri quis saber se, apesar daquela constatação, podiam tomar algo juntos... Estavam brigados? Ele mesmo concluiu que não teria nenhuma importância... Até porque ela sempre se encontrava com Vincent, um do mesmo “naipe” do qual ele fazia parte.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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