Depois que Henri “socorreu” Josette o casal pôde sair aliviado da reunião festiva... Henri ainda brincou com a namorada a respeito de ser o único que poderia ter motivos para demonstrara ciúme, pois Josette havia sido cortejada por muitos durante a recepção. Ela respondeu que tudo aquilo era maçada e que, até que para uma moça bonita, tinha se saído muito bem... Completou o seu pensamento afirmando que eventualmente preferiria ser feia.
Precisavam descansar e Henri não quis que perdessem mais tempo por ali... Enquanto ela se preparava para sair, Henri lamentou ter de passar pelo veredicto das pessoas que assistiram à apresentação.
(...)
No pequeno carro de
Josette, Henri refletia se pelo menos aquela noite havia sido de real triunfo
para a sua pequena... Enquanto dirigia, passou por Anne e ofereceu-lhe
carona... Ela respondeu que preferia prosseguir caminhando... Na sequência,
enquanto continuou a dirigir, Henri tentou imaginar por que Anne parecia estar
chorando... Difícil saber... Por nada ou por tudo... Lambert desolado, Josette
decepcionada... Os amigos, os inimigos presentes ou ausentes... Que noite!
(...)
Depois vemos Henri em seu escritório lendo os jornais
que reservavam espaço para a crítica sobre sua peça... Para Vernon, até as desfavoráveis
contribuiriam para o sucesso... Não era o caso de Henri, que considerava aquilo
tudo vergonhoso... Lembrou-se do que Josette costumava dizer, “a celebridade
também é uma humilhação”... A peça o havia exposto de modo dramático e “flores
e escarros” eram todos para ele... Mas nem flores ou escarros provavam qualquer
coisa significativa.
Ao final de tudo, ele assumia que se reconhecia em seu texto... Doía
lembrar-se das palavras de Dubreuilh, “o que você fez de melhor”... E mais
essa... Não era mesmo agradável ouvir a todo momento que os seus primeiros
escritos são os melhores de sua vida, mas elevar à condição de “melhor produção”
a peça “cujas qualidades eram incertas”...
(...)
Samazelle, Luc, Lambert e Scriassine chegaram. Eles
eram mesmo aguardados por Henri, que não entendia por que insistiram em se
reunir... Ele foi logo explicando que em breve se encontraria com Robert
Dubreuilh.
Samazelle explicou que era mesmo necessário falarem com ele antes que se
encontrasse com Robert... Na verdade pretendiam que Perron entendesse que
Peltov e Scriassine exigiam apressamento sobre as deliberações... Isso parecia
não estar de acordo com o pensamento de Dubreuilh, que provavelmente pediria
adiamentos.
O rapaz deixou claro que se o “velho” apresentasse protelações, L’Espoir
se desvincularia do SRL... Henri
respondeu que qualquer que fosse a resposta de Robert, todos deveriam se
submeter à decisão do comitê.
Sobre essa defesa, Samazelle sentenciou que o comitê seguiria a opinião
de Dubreuilh. Henri disparou que ele próprio seguiria essa indicação... O que
não conseguia entender era por que aquela “discussão preliminar” era necessária.
Samazelle, que pelo visto era o porta-voz do grupo, explicou que era exatamente
por causa da conhecida tendência do “velho” que pretendiam exercer pressão... E
acrescentou que ele provavelmente alegaria o referendum e as eleições para “tirar
o corpo”.
Henri deixou claro que se manteria solidário ao SRL... Samazelle ironizou perguntando se a agremiação ainda
existia... Scriassine emendou que o SRL
nada fazia contra a ofensiva dos comunistas e, surpreendentemente, ao mesmo
tempo, os jornais comunistas haviam deixado de fazer ataques a Dubreuilh...
Para Scriassine só havia uma explicação: Robert
devia estar inscrito no PC.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/08/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_5.html
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço
Prof.Gilberto